O VALOR DE UM DESENHO
Oi, gente!
Outro dia em minhas viagens pela internet encontrei esse texto que fala sobre a relação entre o custo de uma ilustração e os direitos autorais sobre ela. Muito bom. O autor e a fonte de onde tirei este texto você encontra no final do mesmo. Leiam, é muito interessante, tanto para quem já atua na área como para quem ainda está começando, ou mesmo para quem deseja adquirir os serviços de um ilustrador. Um abraço, David.
Ah! para ver o texto na integra, clique no link abaixo da imagem.
O VALOR
DE UM DESENHO
Como
cobrar por um desenho?
Antes de
dizer como cobrar, é melhor dizer como não cobrar:
E aprendi na porrada que você não vende
desenho. O ilustrador não vende ilustração. Ele vende o direito de
uso do desenho. Por exemplo, um cliente pede pra você desenhar um patinho
amarelinho. Você não vai cobrar pela folha de papel com o patinho ou o CD com a
imagem. O que você vai cobrar pelo cliente é o direito dele usar esse patinho e
o tempo que ele quiser ficar com ele. O cliente não fica com a imagem do
patinho, ele é seu. A Lei dos Direitos Autorais assegura isso. Então, se ele
usar o patinho pra pendurar no quarto da filha é um preço. Se usar em uma
embalagem é outra. Se for página dupla na Veja, esfregue as mãos. E se ele
quiser ficar com o patinho pra ele, tem que pagar duas ou três vezes, ou até
mais, o valor original. Para isso existem contratos e advogados. A primeira coisa que o desenhista que quiser entrar
por ramo da ilustração é a verdade nua e fedorenta: Ele tem
que aceitar que ilustração serão negócios. Uma relação comercial entre ele e o
cliente. Quem quiser virar artista que procure um atelier. E mesmo artistas
sérios tratam seu trabalho como negócios. Onde vamos parar desse jeito, ó meu
Deus?
Mas aí você pensa, pra que fazer isso? O cara é
gente fina, é fácil de fazer, porque não dou o desenho pra ele? Porque
ilustrador é um bicho solitário. Ele só pode contar com ele mesmo até chegar na
velhice, que espera ser tranqüila o suficiente para não ter que ficar catando
latas no meio da rua. Depois do tempo estipulado por contrato, os direitos das
ilustrações voltam pra você. Com o tempo, você vai acumulando esses desenhos.
Você tem um banco de imagens particular. Pra vender pra quem quiser no futuro.
Ou seja, você tem uma fonte de renda extra, explorar desenhos que já foram
feitos para outros clientes. Potencializar seus ganhos. E outra, se você tiver
filhos, eles irão herdar esse banco de imagens. E eles poderão ter renda
vendendo os direitos dessas ilustrações. Você vai deixar algo de valor, se não
pra você, pra quem precisa depois que você bater as botas.
Mas como
estipular um preço pra isso?
Não é uma tarefa muito fácil. Cada ilustrador tem
uma fórmula particular de se chegar num valor. Não existe um consenso geral.
Mesmo as tabelas de preços que vejo por aí tem uma defasagem grande. Não dá pra
generalizar “preço de página dupla em revista de grande circulação por XX
reais”. Quando alguém pergunta “quanto você cobra pra fazer um anúncio?” eu
sempre digo “depende”. Porque depende de tudo. Mas de um modo geral, dá pra
fazer dessa maneira. Pelo menos funciona pra mim.
1 – Estipule quanto custa uma hora
do seu trabalho. Vai depender de ilustrador para ilustrador. Por causa da
experiência, não por causa da lerdeza. Tem gente que cobra 50 reais, outros
250. Digamos que você cobre 50 reais a hora, valor que você estipulou pra ser
sua unidade de cobrança. Essa é sua base de cálculo. Daí você sabe a base de
custo de um desenho fácil ou de grande complexidade. Um desenho que leva duas
horas tem como base 100 reais, um que leva 48 horas tem 2500 reais como base,
por exemplo.
E como dá pra saber quanto se cobra por hora? De
modo geral, você tem que calcular todos seus gastos fixos mensais – aluguel,
água, luz, impostos, gasolina, contador, escola, plano de saúde, férias,
aposentadoria, horas não trabalhadas, adicionais… Só não vale colocar iPod e
Playstation 3 nesse cálculo. Com o gasto mensal você divide pelo números de
dias que você trabalha por mês. Tem gente que trabalha 30, outros 20. Eu divido
por 25. Esse número é quanto você tem que ganhar por dia. Divida o valor diário
pelo número de horas que você trabalha por dia e tcharam! Você vai ter seu custo-hora. Vai saber quanto custa uma
hora da sua vida em termos profissionais!
O foda é que tem muita gente que descobre que o
pedreiro que está reformando a sua casa cobra mais por hora do que você. O site
americano Freelance Switch ajuda muito a
fazer esses cálculos. Mas esse valor é a base, é com ele que você não passa
fome nem vira caloteiro. Mas pensemos grande, ninguém aqui quer trabalhar só
pra pagar contas, certo?
2- Some a esse valor base um
percentual caso ele tenha sido feito em um final de semana, varando a
noite, no Natal. O que a gente costuma chamar de taxa de urgência ou bandeira
2.
3 – Sempre
pergunte qual a finalidade do desenho. Aí é que a porca torce o rabo, porque os
critérios têm variáveis demais. Usando o valor base, você vai acrescentar
percentuais. Uma porcentagem a mais dependendo de onde o desenho vai sair. E
essa porcentagem vai depender de tamanho da ilustração na mídia, importância,
quantidade de veiculação, tempo de veiculação. O mesmo patinho tem valores
diferentes se ele vai numa embalagem de doce, num folheto para divulgação no
bairro ou numa página dupla da Veja. Esses percentuais podem variar de 30% a
500% a mais, dependendo do caso.
4- Acrescente o que for necessário
(BVs, despesas materiais, percentuais de extendimento de pagamento, etc., etc.)
ou reduza também o que for necessário (descontos por pacote, por pagamento
adiantado, abatimento pela natureza do serviço, etc).
5 – Some de 12 a 20% desse valor
para impostos e outros encargos, dependendo do tipo de firma que você tiver
(depende do valor da nota que você vai emitir, os temíveis DARFs e DAMSPs é que
regulam isso). Converse com o contador antes pra saber se também não vai ter
que pagar impostos trimestrais referente a esses valores. Se a Madame Sorte
sorrir pra você e conseguir um trabalho que lhe pague regiamente, pode ser que
uma das conseqüências seja a mudança do tipo da sua empresa, de Simples para
Lucro Presumido, o que aumenta bastante os impostos. Mas não se preocupe você
paga o contador justamente pra saber dessas coisas.
Se você é autônomo que emite RPA (recibo de
autônomo), não tem a dor de cabeça de ter uma firma aberta, mas em compensação
os impostos são maiores. Tcharam!
Você tem um valor correto do seu trabalho e você não tem a sensação de estar na
cabine do Silvio Santos trocando um carro por um palito de pirulito. Mas
prestem atenção: Essa é a minha fórmula, a minha maneira de
cobrar. Existem outras maneiras e fórmulas, mas essa é a que acredito ser mais
correta, sem ser antiético e nem sair no prejuízo. Não se iludam, nem tudo é
reto e simples como uma régua. Existem trabalhos fáceis de serem cobrados.
Existem trabalhos em que o cálculo de orçamento vira um quebra-cabeça, mesmo
tendo uma planilha dessas ao lado. O que é pecado entre os ilustradores: Achatar
o preço com medo de perder o cliente ou pra tentar pegar um trabalho na marra,
por insegurança ou avareza. Isso é
como o aquecimento global. Você faz a burrada e os efeitos só vão surgir daqui
a alguns anos. Nesse caso, a diminuição da renda do ilustrador. Aí quem sabe
você nunca mais irá fazer desenhos de graça pra ninguém.
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